sábado, 12 de fevereiro de 2011

Em que eu acredito - Parte 01

Se tem algo que me impressiona é a capacidade do ser humano em crer. Acreditar no sobrenatural, no místico, no mágico, no divino. Em tudo que está além do mundo natural. Me impressiona, por exemplo, a religiosidade.

Não tenho dúvidas que a população brasileira é cristã porque fomos colonizados por portugueses, que eram cristãos (e são até hoje). Se tivéssemos sido colonizados por outros povos, poderíamos ser islâmicos ou budistas.

Claro que toda a conjuntura da época levou Portugal a colonizar o Brasil, e o catolicismo foi um fator de peso. Ou seja, o fato de Brasil ser predominantemente Católico é conseqüência disso, e não de algo divino, a não ser que consideremos que tudo ocorre por vontade de Deus.

Não nos tornamos judeus nem hindus. Se observarmos a expansão das religiões no mundo, veremos que todas se espalharam a partir um foco, de seu ponto de criação, geralmente o nascimento de alguma entidade.

Há muito mais de bairrista que de universal nas religiões existentes no mundo. Mas voltemos ao Brasil. País preponderantemente católico, com algumas pitadas de espiritismo, religiões africanas, judaísmo e por aí vai; digno de nota o expressivo aumento das religiões evangélicas, como alternativa ao catolicismo.

Pois bem: me impressiona, por exemplo, como as pessoas crêem em deus, em Jesus e na Bíblia. Pelo menos, não por agora, vou entrar no mérito das conseqüências de se acreditar ou não, mas me fixar apenas na crença.

Claro que cada pessoa elabora seu próprio conjunto de crenças, mas a maioria de nós, que acredita em deus, mesmo que considere não seguir nenhuma religião, tem como modelo o deus cristão.

Então comecemos pela Bíblia, que é a base da religião cristã. Confesso que já tentei, mas não consegui, lê-la por inteiro. E tenho certeza que a maioria das pessoas que se dizem cristãs, católicas, ou no mínimo como crentes em deus, também não.

Sei que muitos participam de grupo de estudos, sabem a Bíblia praticamente de cor, mas, mesmo não tendo tal autoridade, posso afirmar que este livro é uma compilação de textos, reunidos e chancelados como sagrado.

Não duvido de que existam passagens exemplares, educativas, mas, no contexto geral, ouso duvidar de sua validade.

Não obstante as diferentes traduções e versões, e mesmo as interpretações, é consenso, entre os que crêem, que a Bíblia foi escrita por pessoas inspiradas por deus, ou seja, é a própria palavra de deus.

Mas será que realmente acreditamos no que está lá escrito, ou, se lêssemos, acreditaríamos? As interpretações que aceitamos, não seriam uma forma de nos enganarmos?

Tenho a curiosidade de delimitar a área do mundo a qual a Bíblia faz referência. Acho que não é muito mais do que hoje se chama Oriente Médio. O cantinho do Mar Mediterrâneo, abragendo um pedaço da Europa, África e Ásia. Muito regional e datado para respaldar o alcance que obteve no em todo o mundo se considerarmos que foi escrita, ou inspirada, em alguém dotado dos poderes que lhe são atribuídos.

Seria justo que fosse citada, por exemplo, as Américas, tamanho o contingente de seguidores nessa porção do mundo. Mas ficamos completamente de fora. Nem uma notinha de rodapé.

Mesmo assim, continuamos considerando como base de nossa crença, não obstante as esdruxulidades e bizarrices contidas, a Bíblia, mesmo que nunca tenhamos nem mesmo a folheado.

Basta uma pesquisa na internet, associando o termo “bíblia” a alguma palavra – estranho, esquisito, bizarro, para verificar que, realmente, a bíblia é a melhor resposta para o ateísmo.

Não me considero muito inteligente, mas também não muito ignorante – me impressiona, sim, pessoas que considero dotadas de muito mais capacidade intelectual que eu, acreditarem no que está escrito na Bíblia, e, consequentemente, em deus. Me questiono – como pode essa pessoa, capaz disso e daquilo, ter um amigo imaginário chamado Deus???

Imagino que a crença em um ser superior é algo inerente ao ser humano – tanto que esta característica é encontrada em todas as civilizações. E sempre ligado aos fatos que não têm explicação lógica – Nos povos primitivos, o deus morava no vulcão, ou controlava as condições climáticas – daí a necessidade de agradá-los, para evitar um erupção ou trazer chuvas.

Com o passar dos tempos, e com a crescente sistematização das crenças – o que chamamos religião – o maior mistério que um ser humano pode ter – virou o fundamento para atrair as pessoas – o que acontece depois que eu morrer.

Realmente, não tem como escapar dessa armadilha: como vou recusar a vida eterna? Eu não quero que depois que eu morra acabe tudo, não sobre nada. Ou pior: que sobre, o inferno. Logo, eu acredito em deus.

Continua...

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Cuide de sua Saúde!

Acabei de lançar um novo selo de certificação, com o intuito de garantir o consumo isento de produtos químicos:

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* Mulher 100% Orgânica *
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Imagina a propaganda “Coma somente mulheres 100% Orgânicas. Evite artifícios que dão uma falsa impressão da realidade”.

O negócio é sério. É implante de silicone em tudo quanto é lugar: mama, glúteo, queixo, panturrilha. Botox, lifting, lipoescultura e por aí vai.

Claro que se preocupar com a aparência é normal, buscar melhorá-la é normal. Mas tudo tem limites. O que estamos vivenciando é um busca por algo além da perfeição.

E de tudo o que mais me intriga são os implantes, ou, tecnicamente, “inclusões de próteses de silicone”.

Será que é bom carregar uma bolsa de silicone na bunda? Motivo de orgulho? Se submeter a uma cirurgia para “incluir uma prótese”, sem nenhuma finalidade funcional, mas tão somente para atrair olhares??? Bom, não sou apto a dizer se proporciona melhor desempenho em algo mas... deixa pra lá.

Há casos e casos. Correções estéticas, algo visualmente incômodo é uma coisa, tal como um dente faltando, ou uma reparação de seio, seja para reconstrução por câncer, é uma coisa.

Dizem que aumentam a auto-estima, a confiança, que após a cirurgia até a vida profissional mudou... Vai entender. Pra mim o problema é outro, agravado por essa pressão estética.

O que estamos presenciando, com ataques da mídia, são mulheres já lindas, se submetendo a procedimentos de “overização” de medidas.

Tansformam-se em X-Womans, com peitos e bundas inflados, desafiadores da gravidade, que chamam a atenção mais pelo estapafurdismo que por qualquer outra coisa, tamanha dissociação com a “realidade”.

É Lamentável, mas na medida em que cirurgiões plásticos viram astros da tv, e as Super-Mulheres são o padrão de beleza, fica difícil evitar a busca insana por estas práticas.

Insisto: nada contra procurar melhorar a aparência e as mulheres tem muitos artifícios para isso - eu costumo brincar que depois que minha esposa chega em casa, tira a maquiagem, o sutiã, a meia, etc, ocorre o processo de “mocreização” (calma! É só brincadeira, te acho linda de qualquer jeito!).

Nós homens gostamos e nos orgulhamos de ter ao lado uma mulher arrumada, cheirosa, gostosa. O problema é o exagero. O benefício a troco de nada.

Nem uma ginastiquinha, uma corrida, nada. É tudo no fast food estético.

Por isso, mulheres, atraiam nossa atenção com o novo selo: “Mulher 100% Orgânica!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Anel Rodoviário de BH (Parte01): Se você não conhece, nem queira

Acho que o Anel Rodoviário de Belo Horizonte é famoso no Brasil inteiro. Afinal, não conheço outra via dentro de uma cidade que frequentemente é notícia nos jornais nacionais, tal como o Anel, com seus acidentes que produzem inúmeras vítimas, ocupantes de veículos que foram esmagados por alguma carreta que "perdeu os freios".

Também, não é por menos: a situação aqui é algo totalmente absurda, algo inconcebível.

Belo Horizonte é uma cidade das mais importantes do Brasil. É a capital de Minas Gerais. Devido a sua localização, entroncamento de diversas rodovias, rota de deslocamento entro o Norte e o Sul, o Leste e o Oeste.

Em Belo Horizonte convergem os caminhos para o Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Nordeste, Espírito Santo. E todas essas rodovias se encontram no Anel Rodoviário. Todos os caminhões, carretas, bi-trens, treminhões, para se deslocar de uma rodovia à outra, têm que passar pelo centro de Belo Horizonte.

Não ??? Pois verifique o mapa. Se algum dia o Anel era realmente um anel, circundando a cidade, isso já ficou para trás a muitos anos. Observe o mapa da grande BH. O Anel Rodoviário praticamente divide duas metades de uma grande mancha urbana.

O Anel Rodoviário de Belo Horizonte é utilizado para o deslocamento entre as regiões da cidade - para os moradores irem ao trabalho e voltar às suas casas. Jamais poderia estar recebendo o tráfego de regiões do país - veículos de carga que estão se deslocando do sul ao norte, do leste ao oeste.

Para estes, muito antes de Belo Horizonte, já deveria haver outra via de ligação entre as diversas rodovias. Já existe projeto nesse sentido, mas que, receio, não passa de projeto. E se for o que se pode encontrar na internet, sob o nome de "Rodoanel", tristemente se constata que não há ligação entre as saídas para o Rio e São Paulo, ou seja, na parte mais crítica do Anel, entre as BRs 040 e 381, onde sequencialmente ocorrem os infames acidentes "perdi o freio", os veículos de carga continuariam a passar pelo Anel.

Depois da última tragédia, providências foram tomadas. Falou-se em instalar, nesse trecho mais crítico, um radar a cada cinquenta metros! Nos vinte e cinco quilômetros do Anel não devem existir 10 radares - querem botar 100 radares em cinco quilômetros de rodovia!

E mais, estudam restringir o trânsito de veículos de carga no Anel, proibindo-o nos horários de pico. É capaz da fila de caminhões aguardando a hora de usar o anel chegue até na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro!

É claro que o anel necessita de um sistema de controle de velocidade, de fiscalização massiva, de uma reforma, revitalização, seja lá o que for. Mas nenhuma medida vai resolver o problema, enquanto o Anel for essa aberração.

continua...