quinta-feira, 10 de março de 2011

Humanos

Preciso confessar que não simpatizo muito com a  humanidade. Gosto da minha família, dos meus amigos, da minha esposa (a ordem não é de preferência, apenas cronológica, ok?) , de pessoas que conheci em determinada ocasião e talvez nunca mais as veja. Mas não da humanidade como um todo, de nós como raça (Será que é racismo não gostar da humanidade?).

Filosoficamente, diria que a natureza errou com a humanidade. Não que a natureza seja dotada de atributos capazes de tomar decisões, e consequentemente falhar em algumas delas, mas em minha visão evolucionista, a humanidade foi um tiro no pé.

O planeta Terra há anos vinha existindo, com uma variedade de espécies, sempre tendendo ao equilíbrio. Fatores ambientais e causas exógenas determinaram mudanças, mas nada que provocasse grandes alterações no planeta. Um meteoritozinho ali, uma era glacial aqui, uns dinossauros a menos.

Os animais interagem com o meio ambiente e causam impacto na natureza. Os elefantes pisoteiam o solo e arrasam a vegetação, as formigas escavam o subsolo, os castores represam os rios. Tem uns animais que até soltam umas bufas e detonam com a camada de ozônio.

Nada semelhante a um cruzado no queixo. Tudo isso fazia só cosquinha na natureza. Até que apareceu o homem. Antes de qualquer coisa, vemos que nossos ancestrais, os macacos, não são necessariamente um exemplo de comportamento no reino animal (Pronto, vou se acusado de racista pelos macacos). Mas nada que causasse algum dano ao planeta.

E deu no que deu. Surgiu no mundo um ser completamente diferente dos demais. Como aprendi no curta “Ilha das Flores”, um ser dotado de polegar opositor e telencéfalo altamente desenvolvido. Essas duas características fizeram do homem um ser capaz de fazer muita coisa. Não adiantaria muita se tivesses nosso cérebro e o corpo de uma ameba (Vou ser processado até pelos protozoários...); ficaríamos pensando, pensando e?

Se tivéssemos o polegar opositor e não tivéssemos um cérebro desenvolvido... Bom, macacos já existem, só que com mais pelo.

A nossa capacidade de raciocinar, no plano da natureza, é uma aberração, algo completamente distorcido. É infinitamente superior a qualquer outra espécie de animal. Olha que os cérebros dos animais já são bastante poderosos, pois comandam ações complexas; voar por exemplo. Uma águia dando um rasante rente a um penhasco. É muita informação que precisa ser processada. Agora imagina outro animal que assiste isso na televisão e se impressiona!!!

O homem tem a capacidade de refletir sobre o mundo, sobre si mesmo, de questionar sobre sua existência, de abstrair e de inventar coisas muito além do básico necessário e instintivo a sua sobrevivência.

Nosso corpo é capaz de manipular ferramentas e máquinas, manusear equipamentos de precisão, falar e ouvir.

Pronto, tá feito o estrago. Por mais dotados de inteligência, não conseguimos nos desprender de nossos instintos e deixar de agir de acordo com a nossa natureza animal, mesmo que isso choque com nossos princípios “humanos”, tal como a moral. Pretendo abordar mais tarde esse tema, por enquanto voltemos nas consequências de nossos atos perante o mundo, independente das motivações.

A ação humana vem modificando drasticamente o planeta, podendo vir a se tornar impossível a vida, não só humana, mas de qualquer espécie.

O grande James Lovelock, que em seus livros (1), sustenta que já ultrapassamos o “ponto de não retorno”, que poderá levar à extinção da raça humana - mas Gaia, sem esse fator desequilibrante, voltará a seu estado de equilíbrio, permitindo a existência da vida, de uma forma diferente da atual. Eu não descarto a possibilidade de total desolação do planeta. Nem que seja através do domínio das máquinas sobre o mundo, funcionando autômatas e impedindo qualquer forma de vida. Muito ficção científica? Aguarde...

Pois bem, estamos arregaçando com o mundo. E parece que não estamos ligando muito. Estamos transformando a terra numa pilha de lixo. Esfolando a natureza até um ponto que ela não será mais capaz de prover as condições mínimas de sobrevivência do homem, seja pelo controle da temperatura, da radiação, da falta de água e alimento, de ar, seja por tudo isso.

Vou ali queimar um ozônio.

(1) Não deixe de ler “A vingança de Gaia”. Pesquise no google - james lovelock artigo a vingança de gaia - para ter uma idéia.