terça-feira, 18 de janeiro de 2011

As drogas devem mesmo ser proibidas? Parte 01 (ou "Feijão: Do preto ou do branco?")

Eu acho que não. Por quê? Porque não acredito que são penais as leis capazes de regular a questão, e sim as leis de mercado.

O tráfico de drogas nada mais é que a comercialização de alguma coisa, alguma coisa esta que tem a comercialização proibida. Fora esse detalhe, em nada se diferencia de uma compra e venda qualquer, muito mais sujeita à lei da oferta e da procura que a qualquer outra.

A lei que trata desse assunto proíbe diversas condutas, tais como adquirir, guardar, fabricar, plantar, pensar – epa! Pensar pode. Mas proíbe o resto todo em relação a substâncias entorpecentes, conforme um lista elaborada sei lá por quem.

Imagine, por exemplo, que a partir de hoje o feijão entrasse na lista das substâncias proibidas – eu sou viciado em feijão.

A partir de agora, plantar, transportar, vender, comprar, guardar - comer feijão - é crime. Não haveria mais feijão para vender no supermercado. Os plantadores de feijão talvez fossem cultivar arroz, hortaliças, etc.

Mas as pessoas continuariam na fissura de bater um tropeirão. Rapidinho teria gente sonhando com uma banheira cheia de tutu, com torresmos boiando para pular dentro.

E ninguém consegue arrumar feijão. Uns estão comendo fava, lentilha, mas querendo mesmo feijão. E dispostos a pagar o que fosse num saquinho de feijão.

Até quem nunca deu bola para feijão agora esta com vontade de experimentar... um caldinho pelo menos. Mesmo proibido, todo mundo quer por a panela de pressão no fogo.

Com a diminuição da oferta, ocorreu o brutal aumento do preço.

Frente a esse cenário, e agora isento de impostos, logo, “alguns” vislumbraram a possibilidade de auferir ganhos com a ilícita atividade de comercializar feijão.

E começaram a importar feijão, plantar feijão em terras de ninguém e a trazer o feijão para os centros consumidores.

O Estado, percebendo que se avoluma o tráfico, aumenta a repressão. Cria uma força tarefa, o GCJ – Grupo de Combate ao Feijão.

E quanto mais reprime, mais dificulta a comercialização, mais contribui para a elevação do preço do kilo do feijão.

E nesse círculo vicioso, mais pessoas dispostas a oferecer o produto, a qualquer custo.

A cada traficante preso, outros dois mais truculentos ocupam a chamada Boca de Feijão.

Em todos os lugares proliferam-se quadrilhas fortemente armadas, que disputam o território umas com as outras e... bom, voltemos a realidade, porque o resto da história todo mundo já conhece. Mãe, faz feijoada?

Claro, feijão é uma coisa, drogas são outra. Não vou entrar no mérito sobre os danos provocados pelas drogas no indivíduo, se se trata de questão de saúde pública, etc. Pelo menos não por agora.

Porque uma coisa é certa: enquanto tiver gente querendo consumir, vai ter gente querendo fornecer. O combate ao tráfico é uma luta inglória. Será que vale a pena mesmo insistir? Os danos colaterais causados pela combate ao tráfico de drogas não serão maiores que os causados pelo acréscimo no consumo, se estas fossem liberadas? Será que o consumo aumentaria mesmo nesse caso?

Continua...

domingo, 16 de janeiro de 2011

Leilão de Um Centavo: Quem perde mais?

Quando você vê um Celular Nokia 5233 vendido por R$ 7,96 ==> 98,01% abaixo do valor de mercado (R$ 399,00), ou um Nintendo Wii por R$ 14,12, ==> 98,43% abaixo do valor de mercado (R$ 899,00), você pensa: Opa! Também quero!

Os sites funcionam com um "leilão", onde os usuários dão lances. A diferença entre este "leilão" e um leilão, digamos... “convencional”, como até então conhecido, é que, neste, você precisa PAGAR para dar lances.

Isso mesmo. Pagar simplesmente para poder dar um lance. A cada lance.

Antecipadamente, o participante deve comprar os créditos que lhe dão direito a efetuar lances. A cada lance, uma moeda (a menos) no (seu) cofrinho.

Já tinha ouvido falar em leilões que o participante precisa caucionar um determinado valor para garantia das eventuais arrematações; mas, que tenha de pagar a cada lance, nunca tinha visto.

Cada lance custa no máximo um real. 100 lances, por exemplo, são anunciados por noventa reais, ou você adquire 55 lances por cinquenta reais.

A cada novo lance que alguém efetua (que custa um real), UM CENTAVO é adicionado no preço do produto, e a contagem regressiva para encerramento do leilão volta ao seu estágio inicial, possibilitando que outros lances sejam efetuados. Ou seja, enquanto tiver alguém clicando, o "leilão" não termina.

O arrematante é quem der o último lance antes do encerramento da contagem regressiva.

Digamos que cada lance custe um real. Cada vez que você clica em “lance!”, (e gasta um real), o preço aumenta UM CENTAVO. É, você GASTA um real para aumentar o valor em UM CENTAVO!

Logo, no “leilão” do Wii, vendido por R$ 14,12, foram efetuados 1412 lances (14,12 x 0,01). Se considerarmos cada lance adquirido por R$ 1,00, este item arrecadou R$ 1.412,00. Suficiente para cobrir o “valor de mercado”.

Ou seja, milagre não é. Mas leilão... Será? No leilão “antiquado”, a avaliação para dar um lance é “posso arcar com esse valor neste bem?”. Agora, “devo gastar mais para continuar com a chance de arrematar esse bem?”.

Porque não importa quantos lances você deu (e conseqüentemente quanto você gastou), “arremata o lote” quem der o último lance, mesmo que tenha efetuado somente este!

Poderíamos considerar esses sites como um tipo de compra coletiva, com uma peculiaridade que o diferencia: todos pagam, mas só um leva.

Diversão garantida para quem gosta de bingos e congêneres.
Posto isso... Bons lances! Eu continuo pensando: Opa! Também quero! (um site desses...)